Nota Sobre o Ateísmo

Ateísmo não é negar a Deus, do ponto de vista intelectual, mas volitivo. Não é resultado de um ato de razão, mas de vontade. Não é expressão de um pensamento, mas de um desejo; o desejo de que Deus não exista. Assim, o ateísmo, do ponto de vista intelectual, é impossível, pois implicaria em uma série de coisas por parte daquele que fosse intelectualmente ateu.

Primeiramente, implicaria a negação de valores morais objetivos, o que conduz a uma forma de relativismo moral, que não reconhece a diferenciação entre um ato objetivamente bom, como cuidar de uma criança, por exemplo, e um ato objetivamente mau, como exterminar um recém-nascido.

Em segundo lugar, implicaria a negação da existência objetiva de um sentido para a vida humana, o que conduz a um estilo de vida niilista, isto é, destrutivista, que, levado às últimas consequências, significaria o extermínio de toda a raça humana.

E em terceiro lugar, implicaria também a negação da existência objetiva da verdade, o que acarreta um relativismo epistemológico, que, por sua vez, levado às últimas consequências, implicaria na negação da existência de si mesmo, já que, por se tratar de uma verdade objetiva, ela não pode ser negada sem que se negue a existência de si próprio.

Assim, aqueles que se julgam ateus, não preenchem tais requisitos. Portanto, o ateu não é uma pessoa que ignora a existência de Deus. Ao contrário, é aquele que, por reconhecer e odiar Sua existência, procede de tal modo como se Ele não existisse. Sua negação não é um ato de sincera incredulidade, mas sim um ato que expressa o desejo de Sua destruição.